fbpx
Pular para o conteúdo

Entre o Romantismo e o Terrorismo deve haver uma Maternidade Possível

Entre o romantismo e o terrorismo deve haver uma maternidade possível. Entre os discursos de “você vai descobrir o único e verdadeiro amor e todos os seus dias vão ser lindos” e o “ACABOU, VOCÊ NUNCA MAIS VAI TER UM MINUTO DE PAZ”. Entre as narrativas de bebês que dormem 12 horas seguidas e os que acordam a cada meia hora. Entre as mães que dizem que depois de 2 meses já entravam em todas suas roupas e as que dizem que seus peitos foram parar na altura do joelho e suas olheiras já se fundiram com as fossas nasais. Entre as mães que dizem que 3 meses depois do parto retomaram suas carreiras de sucesso serenamente e as que dizem que nunca mais foram capazes de trabalhar 20 minutos seguidos.

Entre narrativas que colocam a régua num lugar inatingível e as que nos colocam um pânico total de que essa decisão foi um desastre completo e trágico, deve haver um lugar possível para ser uma mãe meio termo. Só isso. Uma mãe meio termo, mediana, razoável. Uma mãe com altos e baixos, meia dúzia de acertos, meia dúzia de erros, uma dúzia de tentativas bem intencionadas.

Não estou pretendendo brilhar, nem ensinar ninguém a ser mãe. Só quero me sair mais ou menos bem, ter, a princípio, umas noites mais ou menos, um corpo mais ou menos, uma disposição mais ou menos. Não pretendo ser o meteoro da maternidade, nem o buraco negro dela. Não quero ouvir narrativas de sucesso absoluto, nem tenho estômago para histórias de terror. Só quero esse meio termo, essa é a meta, não mais do que isso. Por razões de saúde mental e física. Entre o romantismo e o terrorismo tem que haver uma maternidade possível.

A palestra tem a intenção de ser um lugar de acolhimento para todas as mulheres: as que são mães, as que não são, as que não sabem se querem ser. Com bom humor, Ruth, que é madrasta e agora mãe- mas que sempre teve dúvidas se queria ou não ter filhos- tem uma conversa franca com o público sobre como a sociedade condiciona o valor da mulher à maternidade, mas, ao mesmo tempo, cobra dela uma vida profissional e estética como se não tivesse filhos.

Marcações: